terça-feira, 3 de julho de 2012

A caixa de pandora.

Epimeteu era irmão de Prometeu, o titã que modelou o primeiro homem do barro. No entanto, este, por desavenças com Júpiter, acabara por incorrer na sua ira.Temendo que Júpiter viesse a querer se vingar dele ou do gênero humano, Prometeu decidiu um dia alertar o seu desavisado irmão:— Epimeteu, tome cuidado com os presentes que receber de Júpiter — disse Prometeu, chamando-o para um canto. — Já há algum tempo que ele anda furioso comigo, porque ousei roubar o FOGO dos céus para levá-lo aos homens.Epimeteu escutou com atenção as palavras judiciosas do irmão e logo as esqueceu com o mesmo empenho.Enquanto isso, no Olimpo, Júpiter já havia ordenado a Vulcano — que tinha também as suas veleidades de artífice — que criasse uma nova criatura, uma parelha para o homem.— Deixa comigo — disse o deus das forjas.Fechando-se em sua fuliginosa oficina com a deusa Minerva, os dois entregaram-se com extraordinário denodo à interessante tarefa. Decorrido algum tempo, a obra estava pronta.— Nunca nada de mais perfeito saiu de suas talentosas mãos, excelente Vulcano! — disse Minerva, entusiasmada.— Graças a você, cara amiga, que me auxiliou com seus proveitosos conselhos! — disse Vulcano, devolvendo o elogio.Diante dos dois estava um linda mulher, quase tão bela quanto a mais bela das deusas. Seus olhos era azuis como o mais límpido céu e de sua boca vermelha e úmida partia um hálito fresco e perfumado. Sua pele era macia como o mais macio dos veludos e recobrindo-a por inteiro havia ainda uma delicada penugem, que lembrava em tudo a maciez da casca do pêssego. Seus membros, por sua vez, eram delicadamente proporcionados, tendo sido exilada deles à força, em proveito da graça. A frente do peito da encantadora criatura, Minerva coloca-n dois pomos que tinham o prodígio de serem, ao toque, ao mesmo tempo macios e firmes, coroando-os ainda, num requinte de perfeição, com duas delicadas protuberâncias, que lembravam duas pequenas cerejas.Suas curvas eram perfeitas. De cada flanco do corpo desciam duas linhas curvas voltadas para dentro, expandindo-se somente à altura da cintura para dar lugar a um estonteante panorama, tendo ao centro um triângulo hermético, que guardava dentro de si todos os segredos da vida e de sua procriação.— Vamos, levemos já nossa invenção a Júpiter, para que ele nos dê logo a sua aprovação! — disse Minerva, tão confiante que já dava por certa a aprovação de seu exigente pai.E não foi de outra maneira. Tão logo o deus dos DEUSES pôs os seus olhos sobre a nova criatura, eles encheram-se de um brilho intenso.— Vulcano e Minerva, vocês excederam-se em tudo o que se refere à beleza! — disse Júpiter, aplaudindo com entusiasmo a obra que tinha diante de si.— Batizamos ela de Pandora, meu pai — disse Minerva. — O que acha deste nome?— Pandora, Pandora — repetiu Júpiter, deliciado. — Tem um som volátil, alado... Magnífico!Antes, porém, de dispensar a criatura, chamou-a a um canto.— Venha cá, Pandora, tenho um presente para você. Quero que você leve isto aos mortais como sinal de meu apreço por eles — disse Júpiter, entregando-lhe uma caixa dourada, ricamente trabalhada com arabescos e filigranas de prata.Pandora arregalou os olhos ao ver diante de si aquele presente tão magnífico. Sem poder conter-se, quis logo abrir a maravilhosa caixa, mas foi impedida pelo autor do presente.

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